sábado, 27 de fevereiro de 2010

Feromônios



Muitos estudos recentes têm mostrado algumas descobertas importantes quanto aos famosos feromônios. Essas substâncias são constituidas por moléculas especificas que permitem a comunicação química entre indivíduos de uma mesma espécie, desencadeando, posteriormente, comportamentos como atração de parceiros, dispersão (na presença de predadores, p. ex) e agrupamento.


Sabendo-se que as novas descobertas são de extrema importância para as pesquisas com essas extraordinárias moléculas, algumas informações e curiosidades a cerca dos feromônios são, a priori, necessárias para entender e justificar o porque de serem tão aclamadas.


Estudos mostraram que a mesma molécula que compõe o feromônio das fêmeas de elefantes ("(Z)-7-dodecen-1-y1 acetate") são as que compoe o feromônio das fêmeas de mariposas. Ou seja, o "(Z)-7-dodecen-1-y1acetate" é o principal componente do coquetel responsável por atrair sexualmente machos nessas duas espécies nitidamente e evolutivamente diferentes. Porém, machos de mariposas não são atraídos pela urina de fêmeas de elefantes, pois no caso das lepidopteras, os feromônios de atração sexual são compostos por várias outras moléculas que também possuem suas importâncias.


Existem muitos outros componentes de feromônios que já foram descobertos em diferentes animais, como anemonas, mariposas, antílopes, salamandras, insetos e elefantes. Alguns deles são: benzaldeído, "2-tridecanone", "dehydro-exo-brevicomin", entre outros.

Há muito o que se descobrir sobre os feromônios e suas ações, porém há muito também para se saber de informações que estão disponíveis em livros e trabalhos científicos.




Até mais...e em breve mais feromônios e muito mais comportamento!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Novidades - Encontro Anual de Etologia


Olá Pessoal!


Recebi, a pouco, um e-mail onde constava uma grande novidade e atração do encontro.


O Grande John Alcock estará no encontro, e, provavelmente ministrará uma palestra.


Seria uma grande oportunidade de conhecer e ouvir as iéias desse escritor e etólogo importante atualmente por seu livro "Animal Behavior", literatura essencial na área.

Abraços


Fernando

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Following behavior



Há alguns dias atrás, na aula de comportamento, o Professor abordou o assunto "Desenvolvimento e Evolução do Cuidado Parental". Como qualquer outra vertente do comportamento, esta me proporcionou uma admiração imensa. Parte por ser uma relação intima entre duas coisas importante na vida de qualquer mamífero (animais que admiro de mais), cuidado e maternidade; e parte por caracterizar um instinto natural para vários seres vivos, mesmo gerando alguns riscos para a mãe e filhote.
Uma amiga, segura dos seus conhecimentos, apresentou neste mesmo dia, um trabalho sobre o cuidado parental de Baleias Jubartes. E este trabalho, juntamente com a aula ilustrativa, me inspirou, e resolvi escrever um pouco sobre este incrível comportamento.

O cuidado parental é comum dentre, principalmente, as aves e os mamíferos. Algumas aves realizam o cuidado da prole via pai e mãe, e se dedicam a uma proteção reforçada daquele(s) indivíduo que carrega seus genes. Em diversas, porém, apenas um dos pais realizam este tipo de resguardo, dependendo do outro para vigiar, alimentar e proteger o ninho. Pinguins são algumas das aves que realizam o cuidado da prole, sendo que as fêmeas viajam por semanas em busca de comida, enquanto os machos esquentam e protegem o ovo posto na última estação reprodutiva. Muitas vezes, mães verdadeiramente oportunistas, depositam seus ovos em ninhos alheios, garantindo um cuidado por parte de pais de outra espécie.


Um exemplo conhecido e amplamente estudado, é do Cuco, uma ave que ovoposita em ninhos de outros pássaros (que promovem o cuidado parental) visando que esses acolham seu filhote como sendo um dos seus. A cria do cuco se desenvolve juntamente com os filhotes do pássaro, e aos poucos domina o ninho, garantindo mais alimento e intenso cuidado. O poder de persuasão do cuco filhote é muito maior que dos donos do "quarto", e isto é notado pelo canto do primeiro ser 4 vezes mais potente que dos pequeninos. Intrigante este comportamento materno, não?


Outras ações ímpares dentro do reino animal podem ser vistas sob o comportamento parental. Algumas Baratas d'água, por exemplo, realizam um intenso cuidado parental. As fêmeas depositam seus ovos na vegetação, e machos, posteriormente, recobrem os ovos por um longo período de tempo, evitando o possível ressecamento e predação das pequeninas baratas d'água. Outra espécie, contudo, realiza uma outra estratégia. As mães depositam os ovos no dorso de machos ou mesmo de fêmeas. Isso, provavelmente, dá aos filhotes uma maior quantidade de oxigênio (pois os indivíduos que os carregam promovem um fluxo de água (oxigenada) com o movimento dos músculos do ventre) e uma proteção contra intemperes e predadores.


Quanto (finalmente) às baleias Jubarte, essas magníficas criaturas, realizam um conspícuo comportamento de cuidado parental. Uma pesquisa recente mostra que os filhotes permanecem com as mães durante um grande período de tempo, garantindo a eles uma proteção tamanho família, e esse comportamento é denominado "following behavior". Porém, ontogenéticamente, os filhotes desenvolvem comportamentos específicos, e, acompanhando o seu desenvolvimento, as mães vão se distanciando do filhote, dando-lhe mais liberdade e criando um menor vínculo mãe-filho.


Existe uma gama de exemplos e peculiaridades quanto a esse comportamento, descritos em inúmeros trabalhos científicos e em bons livros de etologia e comportamento animal. Compreender os laços entre filhotes e pais nos ajuda a entender mais a fundo as nossas relações paternas - tanto afetivas quanto agonísticas.


Fernando

domingo, 3 de maio de 2009

"Animal Behavior"

Para quem nunca deu uma olhadinha no "Animal Behavior" do consagrado John Alcock, não sabe o que esta perdendo. Bom, pra dar um gostinho, aqui vai alguns dos exemplos que se pode ler em sua obra magnífica.

Ele, primeiramente, descreve o comportamento sob uma perspectiva evolutiva, assumindo um carater darwiniano à sua obra. Divide os assuntos a serem desvendados em temas conhecidos ou curiosos, garantindo a organização (sistematização se preferirem) e prendendo a atenção do leitor com seus particulares comentários.

Inúmeros estudos de caso são ilustrados pelo livro, esclarecendo ainda mais as nossas dúvidas sobre comunicação animal, cuidado parental, comportamento reprodutivo, e até mesmo a evolução e desenvolvimento do comportamento humano.


Um dos estudos citados pelo livro, é a fantástica teoria dos jogos, em que as consequências do comportamento de um indivíduo é dependente da escolha comportamental de outro. Como no caso de alguns pinguins. Algumas espécies dessas aves não voadoras, no momento em que irão pular na água para forragear, esperam até que algum indivíduo da população pule antecipadamente, aumentando a probabilidade de sobrevivência daquele que escolheu não ser o primeiro a pular. Isso porque, ao pularem na água precipitadamente, há grandes chances de haver algum predador a espreita, e os primeiros e últimos, provavelmente, serão as vítimas capturadas por focas ou orcas.






Outros grandes exemplos encontrados na obra, são aqueles intitulados quebra-cabeças darwinianos. As borboletas monarcas são amplamente estudadas sobre essa perspectiva. Essas coloridas lepdópteras são migrantes de grau máximo quanto à resistência e habilidade. Mas não é este fato que as fazem especiais. Seria o de que estes insetos possuem um padrão de coloração das asas que indica impalatabilidade, ou seja, aqueles predadores que as comem sentirão um sabor enausiante, e, possivelmente, passarão a não comer presas com estes padrões. Porém, como Darwin descreveu, a seleção natural atua no nível de indivíduo, e não de população ou qualquer outro (como espécie ou gênero). Portanto, ao comer aquela borboleta, o predador a matará ou lhe arrancará as asas, diminuindo drasticamente o valor adaptativo da presa. Mas, então, por que esta característica permaneceu entre as monarcas? E é ai que se destaca o termo quebra-cabeça darwiniano. Isso, pois, a coloração críptica não aumenta o valor adaptativo do indivíduo, mas sim da espécie como um todo.




Alcock destacou muito bem o caso das abelhas, com suas danças que indicam direção e distância entre a colmeia e o recurso alimentar, suas divisões em castas, e a evolução de seus comportamentos em teorias extremamente interessantes. Também não hesitou esforços para garantir um bom entendimento das possíveis causas do comportamento de infanticídio entre macacos, leões e ratos.


Portanto, sem dúvida alguma, este livro concentra o que há de melhor em trabalhos e pesquisas científicas relacionados ao comportamento animal, colocando-os juntamente a uma linguagem agradável e de fácil compreensão. Apenas alguns problemas são salientes quanto à aquisição e leitura da obra. O "Animal Behavior", como já visto no título, é um livro escrito em inglês e ainda não foi traduzido à nossa língua, e por esse motivo seu preço nas livrarias ainda é alto e requer importação (o que encaresse ainda mais). Mas são encontrados nas melhores bibliotecas universitárias.


Bibliografia citada:
Animal Behavior, John Alcock.


Vídeos recomendados em "Comportamento na net":

"Evel Mother pinguin" e "Infanticídio em leões"

Fernando

segunda-feira, 23 de março de 2009

Baleias Jubarte e suas exigências



É claramente sabido que para qualquer animal o comportamento é conspícuo e intrínseco. Essa característica gera alguns padrões especiais, relacionados ao hábito alimentar, vida social, cuidado parental, comunicação, entre outros. Um exemplo de comportamentos notáveis de mamíferos colossais, é a capacidade de migração das baleias, em especial as Baleias Jubarte.
Esses gigantes nadam quilômetros para conseguirem permanecer vivos e perpetuarem sua espécie. Assim sendo, basicamente, as baleias Jubarte migram por dois fins, a alimentação e reprodução. Mas, não são criaturas errantes, e sim mamíferos que possuem instintos naturais que guiam suas viagens rumo a ambientes propicios e pré-destinados. As áreas destinadas à alimentação, por exemplo, são aquelas em que o nível de invertebrados se encontram alto no período destinado ao forrageio intenso.


Quanto aos locais de reprodução, esses são escolhidos seguindo exigências ambientais, ou seja, somente aqueles que possuem condições propícias para o acasalamento, parto e cuidado parental, são utilizados. Temperatura da água e marés são algumas das condições exigidas.


O comportamento migratório destas baleias são baseados não somente nos componentes ambientais, mas também em padrões comportamentais associados à vida em grupo. O principal deles é a segregação ordenada dos indivíduos, indicada por fatores sociais ou faixa etária.


Assim, através de estudos cada vez mais completos sobre estes animais e seus comportamentos, é que desenvolvemos uma noção da complexidade destes mamíferos aquáticos.

Fernando




Ler mais sobre:



Behavior of humpback whales, Megaptera novaeangliae (Cetacea:
Balaenopteridae): comparisons between two coastal areas of Brazil.
Diana G. Lunardi ; Márcia H. Engel & Regina H. F. Macedo (trabalho científico)
Video:

quinta-feira, 19 de março de 2009

A PRIMEIRÍSSIMA IMPRESSÃO E SUA NEUROIMAGEM


Olá pessoal...

Ai vai um texto interessantíssimo do Prof. César Ades.

Aproveitem!!!




A PRIMEIRÍSSIMA IMPRESSÃO E SUA NEUROIMAGEM

César Ades


Há quase trinta anos, o psicólogo Zajonc escreveu um artigo no qual defendia a idéia de que há mecanismos afetivos muito rápidos e automáticos, anteriores a uma avaliação cognitiva ponderada (American Psychologist, 1980). No título do artigo, fez até rima: “preferences need no inferences” (as preferências não necessitam de inferências). Um dos argumentos de Zajonc era a rapidez com a qual formamos impressões das outras pessoas, quase à primeira vista, sem ter consciência dos motivos exatos para a simpatia ou para a desconfiança. Houve controvérsia, na época, e críticas cognitivistas a Zajonc. Os resultados de pesquisas mais recentes, muitas delas baseadas em técnicas sofisticadas de exame do funcionamento do cérebro, dão razão a Zajonc e mostram que existem mecanismos para a formação rapidíssima de impressões a respeito das pessoas. Do ponto de vista evolucionista, não causa surpresa esta prontidão: o ser humano, como outras espécies sociais, depende muito do conhecimento a respeito de outros indivíduos para a sua (importante) adaptação ao contexto social. Precisa saber de quem poderá receber apoio e quem poderá agredí-lo, tem de situar-se na rede complexa de relações de dominância e saber como participar de alianças implícitas. Para isso, é essencial o julgamento rápido do outro. Acaba de ser publicado, em formato eletrônico, em Nature Neuroscience, escrito por Daniela Schiller e colaboradores, o artigo “A neural mechanism of first impressions”, no qual se descreve uma possível localização neural para este rapidíssimo mecanismo das primeiras impressões. Hoje em dia, não nos contentamos com especulações a respeito do funcionamento do cérebro, vamos direto a ele, com técnicas como as da ressonância magnética funcional, e o surpreendemos em plena ação. Schiller e colaboradores apresentaram aos participantes da pesquisa fotos de pessoas desconhecidas acompanhadas de uma pequena descrição de seus traços de personalidade e pediram a eles que dissessem o quanto gostavam destas pessoas. A atividade do cérebro era, enquanto isso, monitorada através de ressonância magnética. As cores diferenciais dos registros indicaram uma participação significativa da amídala e do córtex cingular posterior no processo de formação da impressão. É especialmente interessante o envolvimento da amídala, uma estrutura do cérebro especializada na aprendizagem do valor emocional e motivacional de estímulos novos. Os autores afirmam ser muito complexa a formação de impressões a respeito de pessoas, uma vez que envolve a ativação concatenada de vários sistemas cerebrais. Faz sentido esta complexidade neural, diante da complexidade das pessoas e de nossos critérios de avaliação. E também faz sentido que o mecanismo seja praticamente instantâneo: nele está embutida uma competência adquirida durante nossa longa evolução como seres sociais.
Schiller, D., Freeman J.B., Mitchell, J.P., Uleman, J.S., & Phelps, E.A. A neural mechanism of first impressions. Nature Neuroscience http://www.nature.com/neuro/journal/vaop/ncurrent/abs/nn.2278.html

segunda-feira, 9 de março de 2009

XXVII Congresso de Etologia


Olá.

Pra quem está pensando em conhecer algum lugar legal durante o feriado de Novembro, não pode deixar passar a oportunidade de unir conhecimento e diversão.
O XXVII Encontro Anual de Etologia será entre os dias 12 e 15 de Novembro de 2009, em Bonito-MS. As atrações de Bonito são unicas, justificadas pelas paisagens deslumbrantes em quase todos os passeios.

Imperdivel!!!

Mais informações em breve.